Desde muito cedo na história da ilha Terceira que a freguesia das Lajes se converteu no principal povoado rural terceirense. A sua localização em plena planície do Ramo Grande, a fertilidade dos seus solos, as suas escuras e porosas pedreiras proporcionaram o incentivo à produção de cereais, à criação de gado e à extração da pedra de cantaria, pedra indispensável à construção das casas típicas do Ramo Grande e da ilha Terceira. Visando estes históricos e importantes aspetos um grupo de Lajenses decidiu formar um grupo de folclore onde pudesse pesquisar, analisar e apresentar as características que no passado faziam parte da nossa gente, tais como trajes, hábitos, costumes, utensílios de trabalho e suas atividades económicas. A 5 de Março de 2004 cerca de 35 pessoas dão início às atividades do grupo de folclore “Cantares da Eira” que através do vestuário e utensílios de trabalho apresentam os trajes típicos do Ramo Grande. Sendo a localidade das Lajes um local onde habitavam famílias abastadas apresentamos tanto os trajes ditos do campo como os das gentes mais nobres. O ciclo do milho foi a maior atividade do grupo! É assim prioridade deste grupo apresentar toda a riqueza simbólica que advém das nossas Lajes e que orgulhosamente mostra no brasão da Vila.
O seu estandarte, tem como símbolo, as espigas de trigo e o trigo carregado num carro de bois, a caminho da eira.
As crianças também representadas, apresentando os jogos e brincadeiras da altura,
a fisga, usada para apanhar melros, o carrinho de madeira, o pião, a roldana e ainda
uma menina com uma ardosa, nome que era dado à pedra de escrever.
No ciclo do trigo, podem apreciar-se os seguintes trajes:
O homem que ia preparar o serrado para receber o trigo e o homem que ia
semear o trigo, com a saca de lona pelas costas que servia de agasalho depois do
trabalho.
Os ceifeiros e ceifeiras, com as foices e as dedeiras, sempre de chapéus de palha
para proteger do calor.
A mulher que ia levar o “Jantar”, era assim que era chamado a refeição que agora
chamamos almoço.
Os homens da eira, que vão preparar o trigo, desde debulhar, limpar até ao ensacar.
Trazem consigo, as joeiras, as forquilhas e os sacos do trigo.
A mulher das maquias, que vai medir a quantidade de trigo ensacado.
O moleiro, que num moinho irá transformá-lo em farinha.
A mulher do forno, que peneirava a farinha, amassava e depois cozia o pão no forno.
Porque o nome de “Lajes” provém das pedreiras escuras e porosas, que no passado
Possibilitaram a extração de cantaria indispensável à construção e embelezamento das casas mais típicas da Ilha Terceira, nas Lajes sempre existiram também os Cabouqueiros, que eram os homens, que ajudados, pelas barras, pelas picas, pelos picões, pelos marrões e pelas cunhas, extraíam as grandes lajes de pedra das pedreiras.
Nas Lajes, como em outras localidades também sempre houve gente das mais variadas atividades, assim destacamos algumas delas, apresentando um Leiteiro, um Ferreiro, uma Lavadeira e uma mulher da água que passava o dia acartando água para os campos e eiras, para saciar a sede a quem estava a trabalhar.
As Lajes sempre foram desde cedo também e devido à riqueza de suas terras, um lugar de gente nobre e abastada, o que fazia que as Gentes das Lajes nos domingos e dias de festa fizessem questão de usar os seus fatos domingueiros, que eram muito apreciados por todos, sendo que os homens usavam sobretudo os belos fatos de lã, também faziam questão de usar o guarda-chuva ou bordão como acompanhantes do fato.
Mas como nem tudo era gente abastada, retrata-se também as roupas usadas pelas pessoas menos abastadas em dias de festa ou domingos, bem como as raparigas solteiras, usando quase sempre os vestidos de chita. Como as Lajes também sempre foi um lugar de saber receber e receber bem, apresenta-se também a mulher que recebe as visitas, as pessoas faziam questão de receber as suas visitas em sua casa com um saboroso licor, ou então com uma aguardente da terra.
O violão e a viola da terra são os instrumentos que fazem cantar e bailar o grupo, eram eles que acompanhavam os cantares das eiras, assim temos os tocadores trajados de calça preta, camisão branco e colete preto, eram assim que se vestiam os tocadores quando saíam para tocar em público. De referir que a viola da terra usada é a típica viola Terceirense, de quinze cordas. Eram somente os violões e as violas da terra que eram usados nos bailes à antiga que existiram nesta zona da Ilha Terceira.
O grupo como já aqui foi dito divulga as modas e cantares mais usados nas eiras e no Ramo Grande em geral, começando sempre as suas atuações pela moda da Charamba e terminado com a Sapateia, ou seja, as duas modas que começam ou terminam direitas, sendo a restante atuação preenchida pelas modas de roda ou de bailinho, como anteriormente eram chamadas, como a Lira, o Pezinho, os Olhos Pretos, as Palmas, o Balancé, a Saudade e os Braços.
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Morada: Cabouco dos Ventos, s/n - Vila das Lajes